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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

PT PARAENSE ATROPELA A FRACA DIREÇÃO DA LEGENDA E PARTE PARA O DEBATE PÚBLICO

http://www.pitacospoliticos.com.br/ilustracoes/1010_outubro/estrela.jpgPor Luiz Feitosa*
Parte 1
Errando duas vezes

Uma das características históricas de alguns setores da esquerda ou como recurso de alguns espertalhões para se evitar que ocorra o debate sobre assuntos que lhes incomodaram ou que tenham de se explicar. Os debates internos do PT se constituíram nos principais momentos de formação da sua militância, e o processo de autocritica política da sua ação através da avaliação dos fatos históricos e identificando qual foi o seu papel que resultaram em resultados positivos ou negativos.

A vitória eleitoral do PT no Pará ao governo do estadual em 2006 foi resultado de longo processo de lutas políticas e eleitorais, embates oriundos da resistência de setores populares e sindicais antes, durante e após o fim da ditadura militar. Essa vitória foi o coroamento de anos de disputa com os setores adversários e de cunho ideológico antipopular. Todavia o que vimos no governo estadual após 2006 foi a hegemonização da máquina estatal sob um comando centralizado pela tendência petista Democracia Socialista (DS), tendência que contava com a própria governadora como um dos seus membros, ela própria ex-vice prefeita da capital e ex-secretaria de governo da capital, que viu de perto e sentiu na pele que este tipo de concentração não foi benéfica ao PT e ao governo do Prefeito Edmilson Rodrigues.

No governo estadual ocorreu a reedição das falhas e erros políticos que se apresentaram através da condução do governo: o esvaziamento do poder de decisão e encaminhamento da estrutura partidária, o poder sendo transferido para o dentro do governo, os esvaziamentos dos diretórios regional e de alguns diretórios municipais, as cooptações de dirigentes políticos através das indicações de cargos de confiança, transformando as disputas politicas em disputas por cargos, na lógica de quem têm mais indicados tem mais força interna no partido, numa preparação ao PED – Processo Eleitoral Direto e na prática antiga de contagem de “garrafas”.

Relembrando que essa prática já fora utilizada pela antiga Força Socialista (atual APS/PSOL) quando assumiu a principalidade do governo em Belém, resultando assim numa área ao redor do governo, numa forma distorcida de governabilidade sobre o partido, sempre arrogante, conforme o historiador Daniel Aarão Reis Filho, no resultado da sua dissertação de mestrado e transformando na obra “A Revolução Faltou ao Encontro: Os comunistas do Brasil”, que relata em detalhes a formação, isto é, a deformação ideológica e de caráter das pessoas que são submetidos às formas de controle psicológico e se não rompe ao seu controle, então passa a reproduzi-la, no caso vimos como o controle centralizado do governo é fundamental, pois existe apenas um grupo “apto” a dirigir todo o processo e caminhos do governo, configurado em núcleo duro, exclusivo e às vezes passional.

Estava desta maneira dadas as formas de controle sobre o partido e sobre os movimentos sociais, que se tornaram “dóceis” ou mesmo passivos ao que se passava a sua frente. O núcleo duro da DS no governo Estadual conseguiu reproduzir de forma mais deteriorada da então praticada pela APS (antiga Força Socialista), devido muito dos seus membros terem sido militantes de outras organizações clandestinas que formariam a Força Socialista, aproveitaram dos antigos militantes da APS e que traziam suas práticas de atuação no interior do partido e dos movimentos sociais.

Os demais militantes foram transformados paulatinamente em marionetes, pois nessa lógica de controle sobre todos e tudo, não há espaço para quem gostaria de fazer a discussão, e nem  eram levados realmente a sério quando pleiteavam. Deveriam só e somente aderir ao projeto do núcleo duro, ou seja, era preciso acomodar-se, traduzindo para calar-se aos desmandos, fingir-se de morto, em hipótese alguma não fortalecer qualquer tipo de alternativa de pensamento, resumindo-se a fazer apenas o coro contra os possíveis militantes divergentes, que seriam e foram rotulados numa nova roupagem do era dito entre 1997 até 2004, basta relembrar as palavras dos discursos que eram repetidos a exaustão tipo: “quem faz críticas está contra o governo” e “aliados dos coveiros de sonho”.

As lideranças partidárias e sociais foram enfraquecidas ou cooptadas, induzidas a concordar em quatro anos de governo com este tipo de lógica, foram reduzidas a satélites ou conforme suscitei acima, transformadas em marionetes, a quem não é preciso pedir opinião, afinal já estavam contabilizadas como tropas dirigidas extra-oficialmente pelo núcleo duro da DS no governo estadual.

O processo avaliativo

O Diretório Regional estabeleceu uma forma de discussão sobre a avaliação do governo estadual, as causas do fracasso e definir as tarefas para período futuro, não poderíamos ficar  mais apreensivos sobre como se daria o processo e como seria dado o pontapé inicial, devido o Pará ter sido o único estado do Brasil que não conseguiu reeleger o governante, mesmo possuindo uma “grande” coligação e a mais rica campanha.
Ao ler o texto do historiador e Prof. Dr. Pere Petit da UFPA intitulado “A derrota do PT no Pará: de quem é a culpa? que indicou o grau do aprofundamento do debate, sem esquecer o rigor cientifico sobre os fatos históricos, sem tergiversar e fugir aos objetivos de uma verdadeira análise, lembrando que diante de uma discussão sincera e profunda poderemos colher uma estratégia que recoloque o PT novamente em sintonia com a sociedade, com as suas necessidades e lutas, senão a nossa ação será fadada ao fracasso, carece de ser atualizada.

Os textos prof. Petit, do Prof.Ms. J. Arroyo e outros têm a importância de aprofundar sem se preocupar com espaços e tamanho de texto, conforme a direção do PT estadual tenta disciplinar o debate. Os textos estão sendo difundidos na blogesfera, algo novo que permitirá ampliar o foco e minucias dos detalhes políticos e técnicos. Através da blogesfera poderemos desnudar os erros, aprimorar o senso comum coletivo e a voz aos militantes do PT, que não possuem mandatos políticos e querem fazer parte da politica partidária, conforme o nosso estatuto partidário.

A tendência Articulação de Esquerda(AE) defende a discussão ampla, geral e irrestrita pela base partidária, por dentro dos movimentos sociais. Quem for contrário ao debate diga então qual é a sua posição e escreva isso claramente. Quem se habilita?

PS: Na próxima semana, iremos aprofundar a análise do texto da DS, devido aos inúmeros detalhes e já em primeira mão a presente análise se tornou muito grande e por isso optamos em emiti-la em partes sem prejudicar o entendimento do leitor.

*Luiz Feitosa é professor, membro da direção estadual da Articulação de Esquerda

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