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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O ano que se encerra

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Via Diário Liberdade
Laerte Braga
Quando Clarence Darrow, no célebre julgamento do macaco, na década de 20, nos EUA, perguntou a William Jennings Bryan, ex-secretário de Estado e três vezes candidato derrotado à presidência dos EUA, que Deus criou Noá, Bryan saiu pela tangente. Disse que deixava a busca de Noá para os agnósticos.
O processo era contra um professor que ensinava a teoria de Charles Darwin num liceu na cidade de Dayton, no Tennessee infringindo um édito proibitivo que perdurou até 1967.
Darrow foi um dos mais importantes advogados da história dos EUA na defesa dos direitos civis e foi a Dayton contratado por um jornal. Provou num processo provocado por um desses pastores que falam diretamente com Deus que os seis dias da criação descritos na bíblia poderiam ter sido milhões de ano, pois não havia a medida de 24 horas para o dia, como a temos hoje.
E dessa forma, nas nossas medidas de tempo, um dia de Deus pode ter durado milhões de anos, logo, uma pedra negada como prova desse fato, poderia ter os mesmos milhões de anos. E não os três mil anos que segundo os evangélicos seria o tempo de existência do mundo desde a sua criação, cálculos feitos pelo bispo de Ulster – se não me engano –. Três anos, não sei quantos dias e tantas horas, minutos e segundos.
No Brasil de hoje os pastores não chegam a essa precisão matemática em torno desse assunto. Só sobre os saldos bancários.
O ano de 2011 não mudou a essência do mundo. Vivemos sob o terror do capitalismo de Estado, duas potências acuando todas as demais nações. As que resistem – e são determinadas por isso – e as que cedem.
Cuba, por exemplo. Resiste e exibe números diversos das que não resistem. Segundo a Organização Mundial de Saúde o país de Fidel eliminou a desnutrição infantil. Nos Estados Unidos, milhares de ogivas nucleares e um arsenal de democracia e ajuda humanitária, perto de 40 milhões de indigentes.
De qualquer forma 2011 marca o ano em que o terror de Estado deixou de lado a máscara e assumiu suas características de barbárie.
O ano em que começa a desaparecer o conceito de nação, substituído pelo de conglomerados. São formados por banqueiros, grandes corporações e em países como o nosso pelos latifundiários (grupo que ainda não conhece a roda e nem garfo e faca, apenas trabalho escravo e pistolagem).
A Europa Ocidental, a chamada Comunidade Europeia, é uma ficção. Transformou-se numa base militar de um complexo maior. ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A. a Rússia desintegra-se no final do reinado de Putin (mesmo que venha a ser reeleito) e nos protestos populares pela volta do comunismo.
Os árabes se levantam contra ditaduras. Militares egípcios vestem duas fardas. A visível, que lhes dá a aparência exatamente de militares egípcios. A invisível que lhes determina o verdadeiro caráter. Submissos ao império terrorista de ISRAEL e EUA.
Numa das pontas a China, o “prodígio” da economia de mercado combinado com o óbvio, trabalho escravo, em condições sub humanas e uma rígida ditadura que teima em se auto rotular de comunista.
Por aqui a América Latina debatendo-se entre a necessidade de integração para sobreviver, mas patinando no maior país da região, o Brasil, sem saber bem que rumo seguir, vivendo a política de uma no cravo e outra na ferradura e sem perceber, ou percebendo e fingindo que não é com ele, transformando-se num grande entreposto do capital internacional.
Sumiu o México, depósito de lixo dos norte-americanos, o Canadá (que os norte-americanos em sua arrogância chamam de “México melhorado”), sobrevivem governos resistentes como os de Cuba, Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Equador e Argentina, mas sob constante ataque das principais bases norte-americanas. Uma na colônia de Honduras e outra na colônia colombiana.
A exceção dos protestos que acontecem na Grécia, todos os demais refletem apenas a gota d’água da população diante de um modelo cruel e de ditaduras sanguinárias. Não sabem bem o que querem para o futuro, não definiram um objetivo. Acabam servindo ao próprio capitalismo. Ao próprio vírus da doença da qual padecem.
O ano que se encerra, no entanto, inscreve em sua história, em meio a toda a barbárie que tem caracterizado o complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A, como o da destruição da Líbia, um ato de terror cuja dimensão real ainda não foi percebida, à medida que a mídia de mercado aliena, desinforma, mente, distorce e vende uma realidade de espetáculo em que as pessoas se extasiam com bombas explodindo hospitais, áreas civis, etc, como exemplo de tecnologia de ponta. De “alta precisão”, ao alcance de qualquer garoto numa loja de vídeo game.
Longas filas para adquirir um “iPod” de última geração e fingir que permanecemos humanos.
São milhões que não assistiram 2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, notável filme de Stanley Kubrick e se assistiram não entenderam o momento em que a taça se quebra.
Preferem, se for o caso, ouvir as explicações de um pastor sobre a importância de doar dinheiro para a compra de casas no céu. A praga neopentecostal, semelhante a qualquer nuvem de gafanhotos a destruir tudo, como se agrotóxico fossem, ou transgênicos, no câncer nosso de cada dia.
E risonho, límpida, cristalina, em família e no Hawai, a figura sinistra de Barack Obama. Numa certa medida supera outro dos criminosos contra a humanidade, seu antecessor George Bush. Bush, como a própria palavra explica, é um moita. Obama é só um ventríloquo – o boneco – dos interesses do complexo militar e industrial que privatiza o mundo inteiro, some com nações e culturas, que dizem ser negro, mas tem que ser engraxado e lustrado todos os dias. É branco e representa a supremacia ariana vigente em cada bala de urânio empobrecido despejada contra civis no Afeganistão, no Iraque, ou no assassinato a sangue frio de Osama Bin Laden.
A propósito, a AL QAEDA é aliada dos EUA no golpe que se trama contra o governo Sírio, como o foi na Líbia.
A história do que aconteceu na Líbia pode ser lida letra por letra, no notável trabalho jornalístico de Mário Augusto Jakobskind, em seu “LIBIA, BARRADOS NA FRONTEIRA”.
O ano que se encerra não muda o caráter do ano passado e nem vai mudar o do próximo ano, o que vai começar. Nada de previsões sobre o fim do mundo, mas apenas a consciência que a barbárie capitalista, ferida de morte, vai buscar no arsenal nuclear atemorizar e aterrorizar populações no mundo inteiro.
E assim será enquanto não dermos objetivo à luta das ruas e ganharmos direção.
A direção do socialismo.

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