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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O AUTOR DO PEQUENO PRINCIPE


Descobri ontem, ao mencioná-lo, como as biografias disponíveis on-line a respeito de Antoine de Saint Exupéry se mostram relutantes em se referirem à sua presença como repórter na Espanha da Guerra Civil de 1936-39. Talvez porque, ao contrário dos seus homólogos Ernest Hemmingway (também como jornalista) ou George Orwell (este como combatente), Saint Exupéry tivesse acompanhado a guerra do outro lado: o dos nacionalistas. Conhecendo as suas origens sociais aristocráticas não se tornará difícil descortinar em que sentido se orientariam as suas simpatias políticas nessa década de frentismos e extremismos onde, na própria França, a Frente Popular acabara de chegar democraticamente ao poder e onde Saint Exupéry pertenceria geneticamente à oposição.
Porém, para quem actualmente se encarrega de cuidar da sua imagem, Antoine de Saint Exupéry é sobretudo o autor de O Principezinho – muito mais do que Voo na Noite ou Piloto de Guerra – uma obra consensualmente aclamada, o que fará com que a sua biografia tenha de ser acolchoada dessas controvérsias políticas. Não deixa de ser paradoxal, porque o conhecimento dos factos revela-nos um Saint Exupéry que se mostrou sobretudo desencaixado das facções políticas da época: conservador mas denunciando o antisemitismo e contrário à coabitação com a Alemanha proposta por Vichy, o que o levou a alistar-se como piloto na Força Aérea da França Livre em 1943. Porém, essa atitude não o impedia de demonstrar simultaneamente um desdém não disfarçado pelo general de Gaulle…

 

¡AL PAREDÓN!

Pertence ao escritor francês Antoine de Saint-Exupéry uma das sínteses mais conseguidas sobre a Guerra Civil de Espanha (1936-39) quando ele comparou a atitude complacente com que, durante os anos da guerra, se fuzilavam os adversários políticos ao acto corriqueiro de se abaterem árvores...
O gesto de aprisionar o suspeito (mais acima) era frequentemente apenas o preâmbulo do acto de encostar o prisioneiro a uma parede (o paredón...) para o passar pelas armas. E, caindo na rotina, o gesto veio a assumir um tal significado que se chegaram a fuzilar símbolos como a estátua de Cristo (abaixo)
Mas para perceber a banalização da expressão ¡al paredón! nada se sobrepõe ao impacto desta fotografia tirada por Agustí Centelles em 1937, onde se percebe como as próprias crianças da época acabaram por vir a incorporar inocente e meticulosamente aquele ritual macabro entre as suas brincadeiras…


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