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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

TEMPOS DE GLÓRIA

Ulysses à frente do PMDB: passado glorioso; presente pífio
E pensar que o PMDB foi um dia um grande partido, com quadros do quilate de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Thales Ramalho, Franco Montoro, Mário Covas, Maria da Conceição Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo... Era uma época em que os partidos não tinham tanta preocupação marqueteira com a imagem e diziam claramente o que pretendiam e a que vinham caso chegassem ao poder. Esse texto do Gilberto Maringoni resgata um documento fundamental que está praticamente esquecido, mesmo entre aqueles que tentam resgatar a história da resistência democrática à ditadura. Parece nostalgia... e é! Mas só um pouquinho...

Esperança e mudança: o último grande marco do nacional-desenvolvimentismo

Por Gilberto Maringoni 

Há trinta anos vinha há público o mais consistente programa partidário da fase final da ditadura. Era o Esperança e mudança, abrangente documento elaborado por intelectuais desenvolvimentistas e apresentado pelo PMDB, então uma frente de oposições. Era a expressão de um setor da sociedade que desejava fortalecer o caráter planejador do Estado como forma de superação da crise econômica daqueles anos


Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos formuladores
O mês de setembro marcou os trinta anos do lançamento do mais consistente e completo programa partidário desenvolvimentista já elaborado em nosso país. Trata-se do documento Esperança e mudança, lançado pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) em 1982. Suas teses focam o tema central da transição da ditadura (1964-1985) para a democracia: o papel e as atribuições do Estado na sociedade. Exaurido por recorrentes déficits no balanço de pagamentos, pelo endividamento externo tornado impagável após as seguidas elevações de juros nos Estados Unidos, por baixas reservas cambiais e pela inflação “galopante”, o Estado brasileiro do início dos anos 1980 perdera boa parte de sua capacidade de intervir e planejar a economia.

Com um tom antiliberal e nacionalista, o programa peemedebista foi provavelmente a última grande manifestação do nacional-desenvolvimentismo entre nós. Tais diretrizes, como se sabe, balizaram quase todo nosso processo de industrialização, entre 1930 e 1980, quando o país deixou de ser um imenso produtor agrícola para se tornar a 7ª economia do mundo capitalista. Apesar de suas inegáveis qualidades, aquele programa tem sido minimizado pelos historiadores. Não está na internet. O próprio PMDB, em sua página na rede, sequer o menciona. Nem mesmo o livro A história de um rebelde (1966-2006), de autoria do ex-deputado federal Tarcísio Delgado, uma espécie de levantamento oficial sobre a trajetória da agremiação, cita aquelas formulações.

CRISE FINAL DA DITADURA O Esperança e mudança é um arrazoado de 119 páginas, dividido em quatro capítulos: “A transformação democrática”, “Uma nova estratégia de desenvolvimento social”, “Diretrizes para uma política econômica” e “A questão nacional”. Foi seguramente o programa partidário mais abrangente do período, que buscava resolver problemas renitentes de financiamento das estruturas produtivas, ao mesmo tempo em que sinalizava apoio às demandas dos trabalhadores.


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