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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sobre os 60% de Jean Wyllys


Jean Wyllys. Apesar da imprecisão numérica, o projeto de lei do deputado ex-BBB faz todo o sentido.

Por: Mauro Donato

“Será considerada profissional do sexo toda pessoa maior de 18 anos e absolutamente capaz que voluntariamente presta serviços sexuais mediante remuneração”. É isso o que prevê o projeto do deputado Jean Wyllys do PSOL, que luta pela legalização da prostituição. Ainda no texto, os profissionais poderão atuar de forma autônoma ou em cooperativas (não, não é suruba).
Jean Wyllys é um deputado de ótima performance e, tem excelente índice de popularidade.
Vencedor do BBB em 2005, não teve a mesma postura dos egressos daquela idiotice. Gastou do próprio bolso para fazer campanha e elegeu-se em 2010.
 

Com votação de internautas durante o Prêmio Congresso em Foco do ano passado, foi eleito melhor deputado federal do país. Jean Wyllys demonstra coragem. Já peitou o governo por ocasião da distribuição do kit anti-homofobia (o popular kit gay), é relator de projetos sobre bullying, lançou campanha nacional pelo casamento civil igualitário (o popular casamento gay) e agora mais este projeto de lei. Enfim, é ativista e trabalhador. Não um dos 300 picaretas.
Seus argumentos são absolutamente lúcidos. “É de um moralismo superficial e causador de injustiças a negação de direitos aos profissionais cuja existência nunca deixou de ser fomentada pela própria sociedade que a condena”.
Como está repleto de razão, como o tema é mais que pertinente, acredito que a repercussão toda da entrevista concedida a um portal de internet tenha sido em função da declaração ter contornos meio sensacionalistas, à la Oscar Maroni, em que se tenta arrancar a máscara de hipocrisia da população mundial. Sim, todos sabemos que todos vão às prostitutas, mas isso não se deve dizer. Não aos microfones e câmeras, pelo menos.
 

Se sensacionalista ou não, Jean também cometeu, a meu ver, imprecisões em sua entrevista. Disse que 60% dos homens do Congresso usam o serviço de prostitutas. Como ele sabe? E o que fazem os outros 40%? Abusam de nós? Sem pagar?
A tentativa de suavizar a declaração também não foi lá muito feliz. O deputado alegou acreditar que, por tratar-se de serviço com tanta demanda, que os homens seriam beneficiados se o fizessem em ambientes mais seguros. Não consegui entender muito bem se o que ele imagina seja a abertura de firmas, com quadro de avisos e plano de carreira.
Deputado, ambientes seguros existem aos montes. A preocupação legítima e pela qual se deve brigar é pelo benefício da aposentadoria, o foco deve ser o de legalizar a profissão. Daí cada uma (ou cada um) compra seu carnezinho do INSS, recolhe mensalmente e vamos que vamos. Ao final da vida dura (ou vida fácil, nunca entendi bem qual é a definição ideal), enfim, após 25 anos de bons serviços prestados, todas poderiam pendurar as cintas-ligas.
Nem é preciso dizer que os demais deputados não gostaram da afirmação e alguns adotaram o tom beligerante e covarde com que encaram esse tipo de denúncia.
 
 “Se ele sabe quem são os que vão aos prostíbulos, que dê os nomes!!”, vociferou Anthony Garotinho querendo desvirtuar completamente a questão e deixando a impressão de que mais uma vez o projeto pode morrer na praia.
Pois para se fazer justiça é preciso lembrar que Jean Wyllys não é o primeiro a lutar pela causa. Fernando Gabeira apresentou esse mesmo projeto há mais de 10 anos e nossos castos deputados optaram pelo arquivamento. O que nos faz concluir que a motivação (ou falta dela) pode ser de fundo emocional, por abandono, após o famoso desabafo da categoria: “las putas insistimos que los politicos no son hijos nuestros”.
 Blog do Porter

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