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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

AS ALMAS PENADAS DA DITADURA MILITAR BRASILEIRA





"Nunca devemos clamar vitória sobre o cão bastardo, pois a cadela que o pariu entrou no cio novamente"

Bertold Brecht
Por Leandro Fortes

Na sessão de devolução simbólica do mandato presidencial de João Goulart, realizada ontem no Congresso Nacional, um episódio lamentável foi registrado por todos, embora o assunto tenha sido deixado de lado para não ofuscar o brilho do evento.
Na hora em que o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, entregou o diploma a João Vicente, filho de Jango, todos aplaudiram, à exceção de três convidados e um deputado.
Os três convidados eram os comandantes das Forças Armadas do Brasil. Por antiguidade: almirante Julio Soares de Moura Neto, da Marinha; general Enzo Peri, do Exército; e brigadeiro Juniti Saito, da Aeronáutica.
O deputado, claro, era Jair Bolsonaro, essa patética figura que, a cada eleição, as viúvas da ditadura militar mandam para a Câmara.
Não houve, por assim dizer, nenhum ato de insubordinação dos comandantes militares. Ninguém é obrigado a bater palmas para nada nem para ninguém, embora os três comandantes estivessem ao lado da principal convidada do evento, a presidenta Dilma Rousseff, comandante suprema das Forças Armadas.
Emocionada, Dilma, presa e torturada na ditadura, aplaudiu não apenas o ato em si, mas toda a simbologia envolvida, de repúdio a um regime que sufocou a democracia, torturou e assassinou brasileiros.
O que houve foi, além de um gesto combinado de má educação e mesquinhez humana, um sinal importante de que, passadas quatro décadas desde o golpe militar de 1964, a caserna brasileira continua alinhada à ideologia dos golpistas de então.
Todos os ministros civis da Defesa, inclusive o atual, Celso Amorim, têm ignorado esse fato, como se desimportante fosse.
Não é.
Nas escolas militares, uma geração vem contaminando a outra com doutrinas primárias, mas poderosas, oriundas dos tempos da Guerra Fria. Baseiam-se, entre outras barbaridades, num anticomunismo tão anacrônico como risível, mas levado a sério como se o Brasil estivesse perto de virar uma nação soviética, em pleno século XXI.
Ao se negarem a bater palmas para a memória de Jango, presidente deposto por uma quartelada e, suspeita-se, assassinado no exílio, o almirante, o general e o brigadeiro deram um péssimo exemplo e envergonham a Nação.
Mas receberam elogios rasgados de seus camaradas de farda. Deram, ainda, um recado errado aos jovens alunos e cadetes das escolas preparatórias e academias militares do País.
Já passou da hora de o governo intervir na formação dos futuros oficiais brasileiros e resgatá-los dessa armadilha ideológica alimentada por lideranças senis dos clubes militares.
Dominada por uma direita tacanha e obsoleta, a caserna precisa, com urgência, formar militares de esquerda. 
Fonte: Blog do Porter

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